terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Apelação sobre a qualidade da água no Alto Tâmega. Comunicado

COMUNICADO. APELAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA NO ALTO TÂMEGA


Nos anos e meses mais recentes continuam a observar-se situações preocupantes relacionadas com a qualidade da água, nomeadamente da água disponibilizada para abastecimento humano e animal no vale do Tâmega. Assim, vimos publicamente expor o seguinte apelo.

Apelamos às autarquias, à Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega, português e galego, à Diputación de Ourense, ou a outros organismos ou entidades competentes, que:

- Promovam de forma urgente a resolução dos vários esgotos que ainda se encontram a descarregar diretamente no rio Tâmega ou seus afluentes;

- Promovam em articulação com os Ministérios do Ambiente e da Agricultura e com as organizações do setor agrário, medidas de incentivo à aplicação sustentada de boas práticas agrícolas, concretamente as relacionadas com operações de mobilização do solo, rega, fertilização e aplicação de produtos fitofármacos;

- Intervenham nos espaços da sua competência, de modo a densificar as galerias ripícolas, reduzir a rega de relvados e a utilização nos mesmos de adubos azotados e fosfatados;

- Alarguem o espectro espacial e metodológico de análise das águas, de modo a rastrear mais facilmente a presença de metais pesados (recordamos que no decorrer das obras da linha ferroviária de Alta Velocidade na Galiza, houve vários incidentes com a presença de metais pesados na água do rio Tâmega, não detetadas nas análises de rotina das autarquias, por estas não efetuaram o despiste deste tipo de elementos químicos).


Apelamos à CCDR-Norte, à Inspeção-Geral do Ambiente, Confederación Hidrográfica do Douro, e à Xunta da Galiza que:

- Melhorem a fiscalização às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR’s) e aos sistemas de tratamento e redes de esgotos, com vista à resolução das falhas existentes;

- Assegurem a estabilidade ecológica do corredor ribeirinho do rio Tâmega, relembramos, na Galiza está classificado como Sítio de Importância Comunitária, no âmbito da Rede Natura 2000;


Apelamos aos agricultores, proprietários florestais e suas organizações que:

- Melhorem as suas práticas produtivas, concretamente com alteração de alguns métodos de preparação do terreno, para aumentar a proteção do solo e reduzir a sua erosão, promovendo as sementeiras diretas, adotar medidas de Proteção Integrada ou de Modo de Produção Biológico;

- Efetuem, em articulação com o Ministério da Agricultura e do Ambiente e associações de regantes, uma análise espacialmente representativa da atual fertilidade dos solos agrícolas, de modo a poder ser desenvolvimento um plano de fertilização mais adequado às condições reais do solo e às necessidades das principais culturais;

- Que delineiem calendários de sementeiras para maximizar a disponibilidade de água no solo e reduzir as necessidades de rega nos períodos de maior escassez de água;

- Que recorram a variedade culturais mais resistentes à secura, com base no melhor conhecimento técnico-científico atualmente disponível.


Apelamos à Universidades e Centros de Investigação que:

- Disponibilizem aos produtores agrícolas e florestais e às suas organizações, informação técnica relevante com vista à mudança de práticas culturais, incluindo para o uso e produção de variedades mais resistentes à secura e aridez.



sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Projetos de Mineração - Comunicado

 


Redatado por um consócio, cidadão português, do grupo Ecologistas Galego-Transmontano da associação Ecoloxistas Galiza - Atlântica e Verde (antes Ecoloxistas En Acción Galiza):

Projetos de Mineração - Comunicado

A sociedade de consumo que vivemos, agravada com a crise COVID19, tem exigido a extração de matérias-primas de forma continuada. Os governantes nacionais e locais, parecem mais concentrados na confiança cega nas tecnologias e no reforço de uma suposta eficiência energética do modelo produtivo, do que propriamente na mudança de procedimentos e comportamentos individuais e coletivos.

Assiste-se nos últimos anos a uma autêntica voragem de projetos extrativistas (megaparques solares, megaparques eólicos terrestes e marinhos), com inúmeros projetos já em curso, quer em Portugal quer em Espanha. Mais recentemente, vive-se uma nova campanha expansiva da mineração, em busca e exploração de lítio e de outros minerais essenciais à manutenção da indústria de baterias, alinhada com a Aliança Europeia para as Baterias.

Tanto a Província de Ourense, na Galiza, como a região Transmontana, em Portugal, são territórios alvo destes projetos. Atualmente, as jazidas de lítio na Província de Ourense estão já concessionadas a uma multinacional canadiana e grande parte de toda a região do Alto Tâmega em Portugal (concelhos de Chaves, Boticas, Montalegre e Valpaços), está já concessionada para a exploração e para prospeção deste mineral, conforme informação disponível da Direção-Geral de Geologia e Energia.

Preocupam-nos as posições públicas das entidades governativas locais, cuja variação parece estar mais associada à vontade de obter maiores royalties para a “compensação ambiental”, do que propriamente assente numa estratégia ambiental e convicção em matéria de conservação da natureza. De facto, em Portugal, várias Câmaras Municipais têm dado pareceres favoráveis a esses projetos, ainda que agora com as Declarações de Impacto Ambiental (DIA) aprovadas pela Agência Portuguesa do Ambiente estejam a manifestar a sua oposição às futuras minas de lítio. De igual modo, a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega, manteve inicialmente uma postura distante e ambígua em relação a esta matéria, veio recentemente opor-se aos projetos de lítio para os concelhos de Montalegre e Boticas.

Mas, qual a posição das Câmaras Municipais de Chaves, de Vila Pouca de Aguiar, de Bragança, de Alijó, de Ribeira de Pena, de Murça, de Mirandela, de Carrazeda de Ansiães, de Mondim de Basto ou de Vinhais, em relação aos contratos de prospeção já assinados e aos pedidos já entregues para o mesmo fim?

Qual a posição das respetivas Comunidades Intermunicipais relativamente a estes mesmos processos?

Será que vão esperar pela aprovação das Declarações de Impacto Ambiental para depois dizer que não concordam?

Na realidade, essa postura de reivindicar “a posteriori”, geralmente apenas se traduz num processo negocial opaco, para haver mais dinheiro entregue às Câmara Municipais e outras entidades, que em nada compensa o impacto ambiental, social e até económico que estes grandes projetos extrativistas acarretam. A postura NIMBY (“Not in my backyard”) que se tem observado, em nada contribui para a credibilidade das instituições e para agregarem a si as populações que devem representar e os territórios que devem defender.

Urge haver por parte das entidades públicas locais e regionais, uma postura honesta quanto à conservação da natureza, até pelas responsabilidades diretas que têm em matéria de ordenamento do território.

Urge que as populações locais e suas organizações cívicas se informem e mobilizem para esta temática, cuja concretização à escala proposta, suporá uma modificação na sua qualidade de vida, na qualidade do meio rural existente e nas perspetivas económicas e sociais que possam haver, fruto dos seus esforços, dos sues projetos pessoais, associativos e empresariais.

Relembramos que os territórios do vale do Tâmega e do Nordeste Transmontano são das regiões mais ricas em espécies de fauna, de flora e de elementos geológicos de todo o Norte da Península Ibérica, para os quais já foram registadas muitas centenas de espécies de fauna, sendo um espaço fundamental para a reprodução e dispersão de muitas espécies de aves, anfíbios, répteis, mamíferos e invertebrados, ameaçados a nível ibérico e Europeu.

É fundamental a mobilização social e institucional na defesa dos muitos valores ecológicos e paisagísticos desta região Europeia e a promoção de hábitos de consumo e de modelos produtivos que visem a circularidade da economia e a maior valorização dos bens consumidos (ex. maior reutilização e reciclagem de elementos e produtos, evitando a necessidade de extração de matérias-primas).






quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Recuperação duma fonte tradicional de nascente na zona do rio Mente

Ontem fizemos uns travalhos de recuperação dumha fonte tradicional de nascente na zona de O Mente que estava atuída por mor de décadas de abandono. Acabamos por poder apanhar a água limpa e potável diretamente da rocha-mãe, aliás recuperamos uma presinha com poço para rega que dá sustento à fauna local, aumentando assim a capacidade de carga do habitat além de criar um ponto de reprodução de anfíbios e invertebrados.

Nascente da fonte com tripla pía, a última delas com bica ou bicorolho de clara origem antrópica

O poço tadicional de rega visto deste acima a se encher com a auga represada

O mesmo poço em perspetiva com a paisagem, no fundo está o vale do rio Mente

O Mente ao passo pela zona próxima da fonte recuperada

Rio Mente entre o Trás-os-Montes português, na Lomba, concelho de Vinhais, perto começa o de Chaves, e o Trás-os-Montes galego, na região de Monterrei, concelhos do Riós e Vilardevós